sábado, 10 de maio de 2008


SENHORA DO SILÊNCIO


Mãe do Silêncio e da Humildade, tu vives perdida e encontrada no mar sem fundo do Mistério do Senhor. Tu és disponibilidade e receptividade. Tu és fecundidade e plenitude. Tu és atenção e solicitude pelos irmãos. Estás revestida de fortaleza. Resplandecem em ti a maturidade humana e a elegância espiritual. És senhora de ti mesma e de ser nossa Senhora.

Em ti não existe dispersão. Em um ato simples e total, tua alma, toda imóvel, está paralisada e identificada com o Senhor. Estás dentro de Deus, E Deus dentro de ti. O Mistério total te envolve e te penetra e te possui,ocupa e integra todo o teu ser.

Parece que em ti tudo ficou parado, tudo se identificou contigo: o tempo, o espaço, a palavra, a música, o silêncio, a mulher, Deus. Tudo ficou assumido em ti, divinizado.

Jamais se viu figura humana de tamanha doçura nem se voltará a ver nesta Terra uma mulher tão inefavelmente evocadora.

Entretanto, teu silêncio não é ausência mas presença. Estás abismada no Senhor e ao mesmo tempo atenta aos irmãos, como em Caná. A comunicação nunca é tão profunda como quando não se diz nada, e o silêncio nunca é tão eloquente como quando nada se comunica. Faz-nos compreender que o silêncio não é desinteresse pelos irmãos mas fonte de energia e de irradiação, não é recolhimento, mas projeção.

Faz-nos compreender que, para derramar, é preciso preencher-se. Afoga-se o mundo no mar da dispersão, e não é possível amar os irmãos com um coração disperso. Faz-nos compreender que o apostolado, sem silêncio, é alienação, e que o silêncio, sem apostolado, é comodidade.

Envolve-nos em teu manto de silêncio e comunica-nos a fortaleza de tua Fé, a altura da tua Esperança e a profundidade do teu Amor.

Fica com os que ficam e vem com os que partem. Ó Mãe admirável do Silêncio!

[Inácio Larranaga]

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